1 de set. de 2012

Nota pública - por um debate franco e honesto sobre o aborto!



Nota Pública - Por um debate franco e honesto sobre o aborto!
Por uma solução que proteja e garanta a vida das mulheres!

O Fórum de Mulheres de Pernambuco vem a público repudiar a forma como parcela do poder médico e do poder constituído vem tratando a questão do aborto no nosso país, repudiar à forma como candidaturas usam este problema para promover-se entre o eleitorado.
É fato que muitas mulheres precisam recorrer ao aborto em algum momento de sua vida. Às vezes são crianças, adolescentes ou jovens que foram abusadas, violentadas e engravidaram sem desejar. Às vezes são mulheres em risco de eclâmpsia ou com gravidez de alto risco. Outras vezes, são mulheres jovens, mas já adultas, com filhos, que engravidaram por falha na contracepção ou porque maridos e parceiros se negaram a usar camisinha. Neste caso, elas precisam abortar porque não tem como aumentar sua família naquele momento. Nestes e em todos casos, nós mulheres somos privadas do direito à informação sobre as possibilidades de aborto legal. Negam nosso acesso as informações de saúde pública para um aborto seguro. Muitas são levadas à morte, por falta de informação segura. Outras são maltratadas nos hospitais e denunciadas pelos médicos, que agindo assim cometem um crime contra seu código de ética. Às vezes a polícia as prende. E juízes as condenam. O aborto clandestino é causa de muito sofrimento, adoecimento e até de morte entre nós mulheres. Mas políticos oportunistas se valem da condenação ao aborto para passar a imagem de que são íntegros, quando muitas vezes são corruptos ou atuam em associação a políticos ficha suja. No Congresso Nacional, este ano, políticos da bancada religiosas se associaram aos milionários industriais para vetar o imposto sobre fortuna que iria financiar o Sistema Único de Saúde/SUS. Para nós, quem vota contra mais dinheiro para o SUS não defende a vida de ninguém.
Nas campanhas eleitorais o aborto torna-se peça de propaganda quando, para nós mulheres, é um problema grave em nossas vidas. Queríamos nunca precisar recorrer a um aborto. Mas para isso precisamos de mais informação sobre como usar os métodos seguros para evitar filhos, além de tê-los acessíveis todo o tempo nos serviços de atenção básica. Nos casos de estupro, é preciso pílula do dia seguinte, para evitar que a gravidez se instale, e assim evitar um aborto. Nos casos de risco de morte, de saúde física e mental, é preciso aborto legal para que a gestação seja interrompida logo nas primeiras semanas, evitando gravidez forçada, abortos tardios ou nascimento e abandono de bebês.
Denunciamos a contínua imposição da obrigação das mulheres manterem um gravidez indesejada e forçada. Isso é indigno, violento, além de uma ameaça à saúde e à vida de todas nós mulheres.
Nos solidarizamos com as mulheres que precisam recorrer a um aborto. E repudiamos todos e todas que as condenam. Nenhuma mulher está livre de um dia precisar abortar.
Exigimos um debate responsável, com informações verdadeiras e sem condenação moral, para que se possa verdadeiramente compreender o que se passa com as mulheres, suas famílias e filhos, o significado da dor e do sofrimento para uma mulher que se vê obrigada a manter uma gravidez forçada por negação de seus direitos, da incompreensão de sua situação, além julgamento e condenação levianas.
Nenhuma fé pode justificar tal condenação. O respeito à dignidade das mulheres é um dever de todos e todas que pretendem ser representantes do povo.

Recife, 28 de agosto de 2012.

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